O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (11) uma intervenção federal na segurança de Washington D.C., alegando que a capital enfrenta uma “trágica emergência de segurança” com o crime “fora de controle”. O plano prevê o envio de cerca de 800 militares da Guarda Nacional e a tomada do controle da polícia local por 30 dias, segundo o The New York Times.
A decisão foi justificada por Trump com o argumento de que a taxa de homicídios na cidade supera a de alguns dos lugares mais perigosos do mundo. Apesar disso, dados oficiais do Departamento de Polícia mostram que o crime violento caiu 26% entre 2023 e 2024 e que o índice geral de criminalidade atingiu, no último ano, o menor patamar em três décadas.
A prefeita de Washington D.C., Muriel Bowser, do Partido Democrata, rejeitou a existência da emergência citada por Trump e afirmou que os indicadores criminais do distrito melhoraram desde 2023. Ela ocupa o cargo equivalente ao de governadora e é a principal autoridade executiva do Distrito de Colúmbia, uma região administrativa sob regime especial.
O procurador-geral do distrito, Brian Schwalb, classificou a medida como “sem precedentes, desnecessária e ilegal”, prometendo recorrer a todos os meios jurídicos possíveis para contestá-la. Especialistas e veículos de imprensa americanos consideram a intervenção uma ação extraordinária de poder federal que pode afetar diretamente os moradores da capital.
Para autorizar o envio da Guarda Nacional, Trump recorreu ao Homerule Act (“Lei de Autogoverno”), que prevê a utilização dessa força em casos de invasão ou ameaça de invasão aos EUA, rebelião contra o governo federal ou quando o presidente estiver impossibilitado de executar as leis federais com forças regulares.
Em publicação na rede Truth Social, o presidente declarou que “Washington D.C. será libertada” e prometeu eliminar “o crime, a selvageria, a imundice e a escória” da cidade, comparando a operação à sua política de fronteira, que, segundo ele, resultou em “zero imigrantes ilegais nos últimos três meses”.
Além da atuação contra a criminalidade, Trump também pretende retirar pessoas em situação de rua da cidade. Um relatório do Departamento de Habitação indica que, em 2024, havia mais de 5,6 mil moradores sem-teto em Washington D.C., colocando a capital na 15ª posição entre as principais cidades dos EUA nesse indicador.