O União Brasil determinou que seus filiados deixem, em até 24 horas, todos os cargos de livre nomeação no governo federal. A decisão, aprovada pela Executiva Nacional nesta quinta-feira (18), prevê punições por infidelidade partidária em caso de descumprimento — entre elas, a expulsão.
A medida afeta diretamente o ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), além de indicados da sigla em diferentes órgãos da administração pública. O partido também foi responsável pela nomeação de Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional, PDT) e Frederico Siqueira (Comunicações), ambos apadrinhados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Em nota, a legenda afirmou que qualquer filiado poderá denunciar o não cumprimento da determinação e reiterou “irrestrita solidariedade” ao presidente nacional do partido, Antonio Rueda. A cúpula acusa a divulgação de reportagens que citam o dirigente em meio a investigações sobre lavagem de dinheiro do PCC de representar tentativa de desgaste político. O União diz que a coincidência temporal entre as notícias e o anúncio do desembarque do governo levanta suspeita de uso político da estrutura estatal.
As reportagens mencionadas foram publicadas por ICL e UOL, com base no depoimento do piloto Mauro Mattosinho à Polícia Federal. Ele relatou ter ouvido, dentro da empresa aérea TAP, que Rueda seria dono oculto de aeronaves utilizadas por investigados ligados ao crime organizado. Rueda, no entanto, não é formalmente alvo do inquérito.
O afastamento do União Brasil do governo Lula vinha sendo discutido há meses. Em agosto, durante reunião ministerial, o presidente criticou Rueda e cobrou que ministros da legenda, assim como os do Progressistas, assumissem posição clara de defesa do governo. A “gota d’água”, segundo integrantes do partido, ocorreu a partir desse episódio.
Tanto Antonio Rueda quanto Ciro Nogueira (PP) já declararam que não pretendem apoiar a reeleição de Lula em 2026. Ambos articulam a formação de uma candidatura de centro-direita. O União Brasil tem como pré-candidato o governador Ronaldo Caiado (GO), enquanto Nogueira defende um movimento em torno de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo.
Com a resolução aprovada, o partido formaliza seu desembarque e reforça o discurso de independência em relação ao Palácio do Planalto. A legenda sustenta que seguirá atuando de acordo com “os anseios da sociedade brasileira” e não se intimidará diante de ataques a seus dirigentes.