A vitória expressiva do partido A Liberdade Avança, liderado pelo presidente argentino Javier Milei, nas eleições legislativas deste domingo (26), consolidou uma mudança significativa no cenário político da Argentina. O pleito, que renovou metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, foi visto como um referendo sobre o segundo ano do governo Milei — e deu ao presidente condições mais favoráveis para avançar em suas reformas econômicas e políticas de austeridade.
Com mais de 40% dos votos, a sigla governista conquistou 64 das 127 cadeiras em disputa na Câmara e 13 das 24 vagas no Senado. Já a coligação peronista Força Pátria, principal força de oposição, obteve 31 cadeiras na Câmara e seis no Senado — números que, mesmo somados a aliados, não impedem o avanço do governo. No total, o Libertad Avanza passará de 37 para 92 deputados, atingindo mais de um terço da Casa, o que lhe garante o poder de impedir derrubadas de vetos presidenciais.
Esse crescimento reduz a dependência de Milei em relação a alianças parlamentares e abre caminho para aprovar medidas que enfrentavam resistência, como as reformas estruturais defendidas por sua equipe econômica. De acordo com a autoridade eleitoral argentina, 67,9% dos eleitores compareceram às urnas, em um processo considerado crucial para o futuro político do país.
Em discurso de comemoração em Buenos Aires, Milei celebrou o resultado como um marco histórico. “O povo argentino resolveu deixar para trás 100 anos de decadência e persistir no caminho da liberdade, do progresso e do crescimento. Hoje começa a construção da Argentina grande”, afirmou, sendo ovacionado ao declarar: “Os argentinos deram um basta ao populismo. Populismo nunca mais.”
O resultado também reforçou a confiança do mercado e afastou temores de uma crise política iminente. Segundo analistas, o novo equilíbrio de forças no Congresso permitirá a Milei bloquear iniciativas que contrariem sua política fiscal e consolidar a narrativa de que sua agenda liberal está respaldada pelas urnas.
Nos últimos meses, o Congresso havia derrubado vetos do presidente a projetos sobre financiamento universitário, saúde infantil e assistência a pessoas com deficiência, o que expôs a fragilidade política do governo. Com a nova composição, Milei ganha um escudo legislativo para sustentar suas políticas e um sinal de força para conduzir os próximos dois anos de mandato.