A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão em regime inicialmente fechado, perda do mandato e inelegibilidade, por sua participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. A decisão, tomada por maioria, seguiu o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, que também condenou o hacker Walter Delgatti a 8 anos e 3 meses de prisão.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou Zambelli de ter coordenado, junto a Delgatti, ataques que visavam desacreditar o Poder Judiciário e fomentar manifestações antidemocráticas. Segundo a denúncia, a deputada teria orientado o hacker a inserir documentos falsos no sistema do CNJ, incluindo um mandado de prisão contra Moraes. O objetivo, conforme o Ministério Público, era lançar dúvidas sobre a legitimidade da Justiça.
Em seu pronunciamento, Zambelli chamou as acusações de infundadas e afirmou que não colocaria seu mandato em risco por uma “brincadeira sem graça”. Ela alegou que o principal acusado, Delgatti, apresentou versões contraditórias e foi classificado pela Polícia Federal como mitômano, sugerindo que suas motivações seriam de vaidade. A deputada disse ainda que, se tiver prisão decretada, irá se apresentar, mas ressaltou seu quadro de depressão e o uso de medicamentos, afirmando que não sobreviveria na prisão.
O STF também determinou que Zambelli e Delgatti paguem uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos. A condenação só terá efeito após o trânsito em julgado, e a Câmara dos Deputados deverá declarar a perda do mandato da deputada, conforme a Lei da Ficha Limpa.
Ministros que votaram pela condenação foram Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Moraes ressaltou que a atuação da parlamentar representou uma grave afronta à dignidade da Justiça, abalando a confiança da sociedade nas instituições. A PGR reforçou que os atos praticados ultrapassaram o âmbito pessoal e comprometeram a segurança do Judiciário.