Quando perguntado por um repórter se ele estava em perigo e temia por sua vida, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky respondeu: “É mais perigoso para Putin do que para mim, honestamente. Porque é só na Rússia que eles querem me matar, enquanto o mundo inteiro quer matá-lo.”
Ele também afirmou que pelo menos 21.000 mercenários Grupo Wagner foram mortos lutando na Ucrânia.
Zelensky disse que a companhia militar privada sofreu “enormes perdas”, particularmente no leste da Ucrânia, onde seu “grupo mais poderoso” estava lutando.
“Nossas tropas mataram 21.000 membros do Wagner apenas no leste da Ucrânia”, disse Zelensky a repórteres na capital da Ucrânia, Kiev, no sábado (1º). Ele acrescentou que outros 80.000 mercenários foram feridos.
“Foram perdas enormes para o Wagner”, disse Zelensky, que caracterizou os mercenários como “pessoal motivado do exército russo” e, principalmente, condenados que “não tinham nada a perder”.
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A CNN não conseguiu verificar de forma independente a afirmação de Zelensky, feita durante uma coletiva de imprensa com a mídia espanhola durante uma visita a Kiev do primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez.
É a terceira visita de Sanchez à Ucrânia. A Espanha assumiu a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.
O diretor da CIA, William Burns, também viajou recentemente à Ucrânia para se encontrar com Zelensky e funcionários da inteligência ucraniana.
As alegações de Zelensky sobre as perdas do Grupo Wagner ocorrem apenas uma semana depois que o chefe da empresa militar privada, Yevgeny Prigozhin, liderou seus homens em uma rebelião abortada contra Moscou.
As tropas de Wagner marcharam em direção à capital russa, assumindo o controle de instalações militares em duas cidades russas. Prigozhin disse ser uma resposta a um ataque militar russo em um acampamento do Grupo Wagner.
Um acordo mediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, neutralizou a crise.
Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário russo Wagner / 08/04/2023 REUTERS/Yulia Morozova
O futuro do Grupo Wagner agora não está claro, com o acordo negociado por Lukashenko exigindo que Prigozhin se mude para Belarus e seus combatentes tenham a opção de se alistar nas forças armadas russas ou nas agências policiais, retornar para suas famílias e amigos, ou também ir para Belarus.
Em seu discurso no sábado, Zelensky disse que a rebelião de Prigozhin “afetou muito o poder russo no campo de batalha” e pode ser benéfica para a contra-ofensiva da Ucrânia.
“Precisamos aproveitar esta situação para expulsar o inimigo de nossa terra”, disse Zelensky.
“Eles estão perdendo a guerra. Eles não têm mais vitórias no campo de batalha na Ucrânia e estão começando a procurar alguém para culpar”, disse ele.
No entanto, ele disse que a contra-ofensiva não seria apressada porque valorizava as vidas humanas e precisava ser estratégico para onde enviar tropas.
“Cada metro, cada quilômetro custa vidas. Você poderia fazer algo muito rápido, mas o campo está totalmente minado”, disse ele. “As pessoas são o nosso tesouro. Por isso temos muito cuidado.”
Também durante a conferência de sábado, Zelensky expressou temores de perder o apoio bipartidário dos Estados Unidos, após “mensagens perigosas vindas de alguns republicanos”.
“Mike Pence nos visitou e apoia a Ucrânia – primeiro como americano e depois como republicano”, disse Zelensky.
“Temos apoio bipartidário, mas há mensagens diferentes em seus círculos em relação ao apoio à Ucrânia. Há mensagens vindas de alguns republicanos, às vezes mensagens perigosas, de que pode haver menos apoio”.
“O mais importante para a Ucrânia é não perder o apoio bipartidário”, acrescentou.